Edicões Gambiarra Profana/Folha Cultural Pataxó

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

VIDROS


VIDROS

Como eu poderia sorrir
Se não sei amar
Se não sei olhar
Para onde se pode brilhar

Como eu poderia amar
Se não quebrei os vidros
Que me cercam
Nos longos dias sem noite

Como eu poderia nadar
Se os peixes
Não me ensinaram a voar

Como eu poderia viver
Se meu sorriso se escondeu
Na mesma noite que nasceu

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

LAGO SEM CISNES


A brisa solitária tocava meu rosto com delicadeza
Enquanto olhava as águas serenas
Tentando esquecer a sensação que ficou entre mesas
Que balançavam quando ofuscadas por sua beleza

Brisa que exalava o perfume das flores que margeiam
Nossas vidas nos dias de tristeza sem gangorra para balançar
Saboreando a melodia sutil que penetra em nossa alma
Misturando a desilusão com a certeza que não poderá amar

Brisa sem cisnes para deslizar
Entre a linha tênue da desesperança
Que limita seus passos
Para não abraçar

Brisa sem o esplendor das estrelas
Céu que escureceu o lago deserto
Sem lírio
Sem cisne ou amor por perto

Brisa que insiste durante a névoa
Que não adianta sonhar com o amanhã
Quando o amanhã não existe
E se esconde no fundo do lago

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

LÍRIOS DEVASTADOS


Só fui feliz no olhar
Só fui feliz através da janela
Através das grades
Que vivem para me aprisionar

Só fui feliz na solidão
No sótão
No porão
Só fui feliz na minha aflição

Só fui feliz na ventania
Que devastou meus lírios
No amanhã sem lar
Só fui feliz para me amordaçar

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

SEM PRIMAVERA


As nuvens escurecem
Meu céu
Os raios estremecem minha savana
Queimam minha cabana

Encontrei neblina
Na minha estrada
Paisagem escondida
Em cada canto da vida

Sou um rosto sem multidão
Perdido nas estações do ano
Sem primavera
Sem violão