Edicões Gambiarra Profana/Folha Cultural Pataxó

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

FOGÃO A LENHA


Entrei na sua sala e vi seus quadros reais
Surreais
Criados na sua alma
Com calma
Sem calma

Seus quadros pintados no chão de terra batida
Com cadeiras desfiguradas espalhadas
Um tapete amordaçado
Um canto simples e abençoado

O fogão à lenha aquece o ambiente
E com seu calor dá aquele toque de gente
De gente que gosta de beber caldo de cana
Gente humilde, mas que ama

O feijão preto sai do fogão à lenha fumegante
Ficou ali por horas, sem pressa
Como se estivesse olhando as estrelas
E a lua que um dia será de mel com sua namorada

A noite podemos dormir no quintal
Tendo por teto um céu de estrelas
Para aquecer, no lugar do fogão à lenha
Uma pequena e aconchegante fogueira
E assim poderemos brincar de sonhar
Um sonho simples e feliz
Um sonho recheado pelo sentimento amar

Arnoldo Pimentel

 
Estou sendo entrevistado no blog da Anne Lieri, se puder faça uma visita e conheça um pouco do meu trabalho, desde já lhe agradeço, link abaixo

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

CASAS DE NUVENS CINZA


Casas de madeira soltas na terra
Decoradas com cordas de arame que atravessam a ausência de paisagem
Esticadas por postes sem luz que apontam
Para o céu de chuva cinza
Sem esperar nenhuma doce miragem

O silêncio é quebrado pela bicicleta sem acento
Que vaga pela rua de chão solta no vento
Carregando em seu sonho a grama estéril
Vidas vazias
Que nem o pranto solto alivia

No solo molhado pela chuva
A desesperança por saber
Que no fim do dia não haverá fartura
Sempre será assim em cada novo amanhecer

Não haverá escolha
Entre as nuvens que ainda vagam
Nem galhos nas árvores secas
Nem mesmo bichos da seda 

Arnoldo Pimentel

 
Estou sendo entrevistado no blog da Anne Lieri, se puder faça uma visita e conheça um pouco do meu trabalho, desde já lhe agradeço, link abaixo

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

AQUARELA

Eu pinto sonhos que nem sempre têm asas
Sonhos vividos
Sonhos esquecidos
Sonhos que poderão viver na minha tela
Na minha triste aquarela

Minha tela pode estar pintada de vazio
Silêncio vazio
Cores incolores que mostram meu rosto
Tela vazia incolor que inspira minhas cores

Eu pinto meus temores na madrugada
Onde a tempestade é a verdadeira tela
Onde a solidão disfarçada
Invade o meu quarto pela janela

Eu pinto a solidão do meu corpo
Pinto as cores da minha voz nua
Pinto meus olhos perdidos no infinito
Minha tela é meu próprio grito

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

MEU YESTERDAY

Ontem eu era feliz
Ontem eu estava até sonhando
Sonhando de ser feliz
Sonhando que estava brincando

Ontem tentei alcançar as estrelas do mar
Mas eu não sei nadar
Não sei como ancorar
O meu coração na ilha que poderá me abrigar

Ontem tentei ouvir os sinais do meu céu
Mas as nuvens estavam cinzentas
E as chuvas logo molharam meu rosto

Ontem tentei te olhar nos olhos
Mas você estava distraída olhando seu futuro
E não percebeu
Que iria ficar sozinha
Assim como eu

Ontem até tentei acenar um adeus
Mas o nevoeiro escondeu meus braços
E fiquei acenando para ninguém
Nem você mesma olhou meu rosto

Ontem tentei ser feliz
Tentei dizer adeus
Ontem acabei chorando

Ontem acabei apenas imaginando
Que estava te amando
Ontem eu estava apenas sonhando

Arnoldo Pimentel