sábado, 28 de julho de 2012
BÚFFALO (Contos do bar)
Entrou no bar,
era um bar com música ao vivo, procurou uma mesa num canto discreto e
sentou-se, já passava das 24 horas, noite clara e fresca, fez um sinal para o
garçom, que se aproximou.
- Gin tônica
= Algo para acompanhar?
- Talvez mais tarde
O garçom trouxe o
drink, serviu-o e afastou-se. Ficou saboreando o gin-tônica devagar, já não
estava tão sóbrio, andou pelos bares da cidade como de costume nas sextas,
ajeitou a gravata, levantou-se e foi a área ao ar livre, reservada para
fumantes, tirou o cigarro do bolso, acendeu e ficou tragando para passar a
ansiedade, ficou ali alguns minutos até acabar de fumar e acalmar-se, depois
voltou para o interior do bar e foi ao banheiro, lavou o rosto e voltou para a
mesa, sentou-se, pegou o drink , ficou olhando um momento ao redor e depois
continuou saboreando. Já era quase hora dela entrar no palco, havia dois meses que
não a via cantar, que não vinha nesse bar, ela o fascinava, sentia um ardor
percorrer seu corpo quando ela cantava passeando pelas mesas com o vestido
vermelho, aberto em uma das pernas e um decote generoso que deixava os seios a
mostra quando se debruçava sobre as mesas e cantava olhando os clientes nos
olhos, sensual e misteriosa. Era hora do show, as luzes do palco se apagaram e
apenas uma luz tênue iluminava quando ela entrou, seu coração disparou, o suor
desceu pelo rosto, mas não era Linda quem entrou no palco e sim outra, fez um
sinal ao garçom pedindo outro drink.
- Que horas a Linda vai cantar? Perguntou ao garçom que
já o conhecia dali
= Linda não canta mais aqui
- Para onde foi?
= Para uma cidade longe
- Búffalo?
= Onde fica Búffalo?
- Na América
= Porque ela iria para Búffalo?
- Eu quem quero um dia ir para Búffalo
= Porque Buffalo?
- Noodles foi para Búffalo e um dia, quando voltou disse:
“Tenho dormido cedo”, talvez eu também esteja precisando dormir cedo
= Noodles? Quem é Noodles?
Arnoldo Pimentel
Obs: Noodles é um personagem do filme "Era uma vez na América" de Sérgio Leone
Amigo (a) leitor (a) seja bem vindo (a),este conto faz
parte da Trilogia Contos do Bar, são três de contos de minha autoria, todos
passados na atmosfera do bar, se tiver um tempinho leia os contos e deixe sua
opinião, ela é sempre muito importante. Os links e títulos estão abaixo, desde
já agradeço a opinião e a visita.
BATMAN E O
SUPER-HOMEM SÃO FRAGÉIS
JOHN
domingo, 22 de julho de 2012
DOCE SABOR DO SORVETE
Ainda
assim olhou para trás para ver onde ficaram as promessas, mas viu apenas as
sementes que estavam espalhadas pelo chão. O sol já estava alto e o chapéu
protegia sua cabeça, mas não lhe protegia das lembranças. Continuou espalhando
as sementes, tinha um dia inteiro pela frente para lembrar-se de quando se
conheceram, assim meio por acaso naquela tarde de chuva, os olhos nem se
encontraram, mas se olharam, conversaram, tomaram sorvete, cada um no seu lado,
ficaram ali por horas, parecia que já se conheciam há tempos, depois começaram
a sentir saudades, era hora de ir, saíram, cada um para seu lado, sobrou o verbo,
que passou a ser conjugado no passado.
Arnoldo
Pimentel
Visite a Folha Cultural Pataxó e leia o texto “Sala de
Aula” de Cristiano Marcell
A Folha Cultural Pataxó é um zine e blog onde a
prioridade é a Cultura e a Educação, onde também pode-se ler ótimos poemas. Se
puder leia e comente o texto do Cristiano, sua opinião é muito importante pra
nós. Link abaixo:
domingo, 15 de julho de 2012
BRAÇOS PARA O ALTO
Não temas
os cortes
Que a
chibata poderá lhe fazer
Livre-se
do cordão umbilical
Da mãe
injusta
Penetre
na pradaria
E erga os
braços
Mesmo que
estejas fugindo
Dos leões
Não se
esqueça que no fim do filme
O trem
sempre partirá
E o campo
aberto
É só o
começo
Arnoldo
Pimentel
Amigo(a) visite o link abaixo e leia a segunda
parte da minha entrevista ao Poetas de Marte, desde já agradeço a amizade.
domingo, 8 de julho de 2012
EU NÃO SEI COMO SERÁ MEU AMANHÃ
Aqui eu
não me sentia bem
Tudo era
tão difícil
A estrada
era de poeira
Às vezes
ventava tanto que eu tinha que me esconder
Dentro da
geladeira
E nesses
momentos eu só queria ir embora
Agora
fico olhando aqui do lado de fora
E não sei
se devo abrir o portão
Só em ver
a varanda tão cheia de flores
De amor e
de vida
E paz a
reinar
Tenho
medo que não me abracem
Que não
me recebam bem
Por causa
da saudade
Este poema é parte integrante do conto de minha autoria “Se
as Folhas Ainda Fossem Verdes...”, para ler o conto basta acessar o link
abaixo, desde já agradeço, muito obrigado pela visita e pela amizade.
quarta-feira, 4 de julho de 2012
MINHA FÉ NÃO REMOVE MONTANHAS
Minha fé
não remove montanhas
Não sei
aonde chegarei assim
Não sei
se tenho futuro
Sou um
abismo sem fim
Quero
viver
Mas não
tenho aonde ir
Quero um
país dentro do meu corpo
E viver
solto
Quero uma
verdade
Não sou
uma cidade
Não tenho
segredos
Nem estradas
Minha
esperança é eterna
Mas não
sou forte
Tenho
medo da morte
Mesmo que
seja bela
Minha fé
não remove montanhas
Preciso
Te encontrar
Pois sem
Você não tenho aonde ir
Não
adianta sorrir
Arnoldo
Pimentel
Visite meu blog Ventos na Primavera e conheça a poesia de
Rosilne Jorge dos Ramos
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